Começa a modernização do Porto de Santos.

04-11-2011 20:37

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, leva adiante o plano de R$ 1,5 bilhão cujo objetivo final é modernizar até 2014 o maior porto da América Latina, com a perspectiva de que, depois da conclusão do plano, não haverá mais gargalos no Porto de Santos. Em entrevista ao DCI, José Roberto Correia Serra, presidente da Codesp, explica que o órgão trabalha com um horizonte de demanda para Santos de até 230 milhões de toneladas em 2024, a qual faz parte de um estudo estratégico que orienta as obras no complexo. Mas as mudanças já começaram.

"A Codesp já instalou no Porto de Santos centenas de câmeras de segurança, quilômetros de redes de fibra ótica, portões de acesso com leitura biométrica de mão e de face combinada com cartões de identificação e, por fim, a chamada motivação para controlar a entrada no porto. Trata-se de uma autorização eletrônica concedida pelas autoridades competentes para tanto". Estas últimas medidas são necessárias diante das exigências de segurança cada vez mais rígidas que os EUA, em especial, fazem a portos de origem dos produtos que importam.

Agora, a Codesp analisa duas licitações para alavancar ainda mais a área. Uma está relacionada à elaboração do projeto executivo das obras da passagem subterrânea da região do Valongo, o chamado Mergulhão. A outra é a da execução de obras que visam ao incremento do sistema viário na região do Saboó. As ações contam com recursos da Secretaria de Portos (SEP) por meio do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC-2) e terão as propostas abertas ainda este ano.

São medidas necessárias para combater um dos principais problemas de Santos - e da maioria dos grandes portos do País: as filas de caminhões, por terra, e de navios, pelo mar, para embarque e desembarque de mercadorias. Há apenas dois meses, por exemplo, 450 caminhões aguardavam para descarregar açúcar no Porto de Santos. No Porto de Paranaguá, no Paraná, na mesma época, a fila de caminhões atingiu 150 veículos. Ficar parado em uma rodovia, esperando para escoar o carregamento, gera um encarecimento de cerca de 15% do frete de um caminhão.

"O Porto de Santos está sendo totalmente modernizado. Estamos também ampliando suas vias de acesso para escoamento do tráfego rodoferroviário de cargas e aprofundando seu canal de navegação para 15 metros, dentre outras intervenções", enfatizou Serra. Ele defende que no momento o porto consegue dar conta do recado, mas admite dificuldades: "Há setores já operando em Santos próximos ao limite, como é o caso dos contêineres. Temos uma capacidade total de cerca de 3 milhões de TEUs [medida de capacidade de contêineres]. Até setembro já operamos quase 2,2 milhões de TEUs". Mas ele lembra que a partir de 2012 esta capacidade cresce com a entrada em operação de novos terminais.

Recorde - A movimentação de cargas por Santos teve em setembro a melhor performance já vista em um mês de setembro: 8,9 milhões de toneladas; o complexo acumulou até então 73,2 milhões de toneladas movimentadas em 2011. Isto é também um novo recorde para o período, ultrapassando em 2% o melhor resultado verificado até setembro do ano passado.

Nas operações com contêineres, o porto atingiu uma expansão de 11,3%. O fluxo de navios por Santos aumentou 3,2%, com 4.384 embarcações já atracadas por ali até setembro. Por fim, os números da balança comercial apresentaram desempenho favorável no porto - crescimento de 25,39% no valor das cargas operadas no complexo, pela última medição. Até setembro, o total de US$ 87,4 bilhões em transações passaram por ali. "Um projeto da empresa São Paulo Empreendimentos Portuários para a implantação de um terminal portuário de atendimento offshore já teve audiência pública. Há também interesse da Petrobras na instalação de base de apoio à atividade de exploração do pré-sal na margem esquerda do Porto de Santos", comemora Serra.

Porto Sem Papel - Os portos brasileiros padecem desde sempre de dois males: infraestrutura de menos e burocracia demais. O primeiro vem sendo enfrentado por autoridades portuárias, como a Codesp, com investimentos maciços como os descritos. O segundo está na mira do Porto Sem Papel, iniciativa do governo lançada em agosto que promete agilizar muito o embarque e desembarque de mercadorias nos terminais do País.

No âmbito do projeto, todos os documentos que são usados nestes complexos passarão a fazer parte de um único sistema informatizado. Santos é, justamente, um dos primeiros terminais onde o Porto Sem Papel está sendo implantado, ao lado do Rio de Janeiro e de Vitória. Através de um aporte de R$ 114 milhões, a Secretaria dos Portos quer conectar eletronicamente até abril de 2013 os 35 portos que administra, eliminando, ou ao menos reduzindo drasticamente, a demora na liberação de cargas nos mesmos.

Fonte: DCI / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.

 

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