Movimento de contêineres em alta.

11-05-2011 21:17
O Porto de Santos deverá chegar ao final deste ano com a marca de 3 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) operados. A projeção da Codesp, administradora do complexo, aponta crescimento de 11,1% sobre a movimentação de todo o ano passado, que foi de 2,7 milhões de TEUs. Os números registrados no primeiro trimestre deste ano confirmam esta tendência. Apenas nos três primeiros meses deste ano, a soma chegou a 650.146 TEUs.
 
Em comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 18,2%. De janeiro a março de 2010, 549.892 TEUs passaram pelo Porto. Se este cenário se concretizar, passarão pelos terminais santistas até o final de 2011 tantos contêineres quanto sua capacidade permite. Ou seja, o Porto chegará próximo de seu limite.
 
O estudo de expansão desenvolvido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), conhecido como master plan, mostrou que a capacidade estática do complexo, atualmente, é de 3,1 milhões de TEUs. A Companhia Docas enxerga um sinal amarelo. "Estamos passando por um momento apertado, porque estamos praticamente com demanda e capacidade instalada juntos.
 
Vamos passar a ter um pouco mais de folga em 2014", afirmou o diretor de Planejamento Estratégico e Controle da Codesp, Renato Barco. A "folga" a que o diretor da Codesp se refere são dois novos terminais para contêineres que estão em construção.
 
Otimista com as instalações da Brasil Terminal Portuário (BTP) e da Embraport, Barco conta com o aumento na capacidade e na movimentação do Porto para o ano que vem. O problema, neste caso, é que as obras não devem ficar prontas tão cedo. Segundo Barco, a BTP espera começar a instalação de equipamentos no final deste ano. O que se vê hoje, entretanto, são terminais tomando forma aos poucos e com previsão de movimentação somente para 2013, ao contrário do que espera Barco.
 
Com os dois novos terminais operando a todo vapor, em 2014, a capacidade de movimentação de contêineres no Porto de Santos saltará para 8,1 milhões de TEUs. Além dos dois novos terminais, a Codesp espera ainda movimentar contêineres em Prainha, na Margem Esquerda do Porto, ao lado do Terminal de Exportação de Veículos (TEV). Quatro empresas mostraram interesse em desenvolver projetos para a movimentação de cofres de carga, mas duas ainda não entregaram os estudos.
 
A Codesp aguarda este material para analisar as propostas ao mesmo tempo. Questionado sobre um possível colapso nas operações portuárias antes da entrada em funcionamento das novas instalações, o executivo afirmou que a Autoridade Portuária está atenta aos números e assegurou que não existem motivos para grandes preocupações. "Os dois terminais (BTP e Embraport) estão por finalizar a construção. Não é uma hipótese, trabalhamos com dados palpáveis que vão nos dar mais folga no curto prazo".
 
PRIMEIRO TRIMESTRE
 
Para Barco, três fatores fizeram com que o desempenho do Porto melhorasse e apresentasse boas taxas de movimentação de contêineres no primeiro trimestre. Economia aquecida, dólar baixo e previsão de crescimento do PIB brasileiro contribuíram para a marca. Apesar dos sinais de crescimento imediato, Barco acredita que os números do período não devem se repetir no resto do ano, por conta da variação cambial.
 
A Codesp espera ainda uma ligeira queda com relação a tonelagem. "Hoje você tem uma tendência de crescimento e razões muito fortes. Além da economia acelerada, a taxa do dólar também está baixa". LOGÍSTICA Uma preocupação da Codesp é a logística dos contêineres que chegam ao Porto. O motivo fica claro quando se tem em mente que o fluxo de caminhões se intensifica, à medida que cada unidade é trazida por um veículo.
 
"Estamos nos esmerando para fazer um controle de entrada de veículos com cadenciamento, atacando o contêiner que chega por todos os lados". Barco se refere ao sistema informatizado de controle do tráfego de caminhões, que foi anunciado no ano passado pela Docas, mas ainda está em fase de desenvolvimento.
 
"Estamos bem encaminhados com o granel e a nossa meta agora é o contêiner. (Queremos) pegar um sistema que existe em outros portos e criar um dentro da nossa possibilidade". Responsável por mais da metade da movimentação de contêineres do Porto de Santos, a Santos Brasil segue otimista e conta com a economia aquecida para impulsionar as movimentações no complexo santista. A expectativa do terminal é atingir a meta de 70 movimentos por hora, em média, até o final do ano.
 
Das 417.290 unidades movimentadas no primeiro trimestre no complexo santista, 216.016 passaram pelos pátios da Santos Brasil, que fica na Margem Esquerda do Porto. De acordo com o diretor-executivo do Terminal de Contêineres do Porto de Santos (Tecon), Washington Flores, o aumento é de 29,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
 
"Os números foram muito bons e são reflexo da pujança do comércio brasileiro". A Santos Brasil não divulga projeções de movimentação de cargas específicas para o terminal santista.Os números do grupo alcançam a marca de 1,6 milhão de TEUs, divididos entre as unidades de Santos (SP), Imbituba(SC) e Vila do Conde (PA).
 
Porém, com base nos números do primeiro trimestre, pode-se dizer que a movimentação do Tecon deve ultrapassar 864 mil unidades, já que a empresa prevê um aumento de produtividade no complexo santista. De acordo com o executivo, o salto para 70 movimentos por hora (MHP), em média, será o segundo recorde de produtividade do terminal neste ano. Para alcançar o resultado obtido no trimestre, o terminal passou dos 54 MPH, marca registrada no primeiro trimestre de 2010, para 60 MPH, na média do mesmo período deste ano. Com as novas marcas do terminal, a Santos Brasil operou, em média, 2.400 unidades por dia durante os três primeiros meses deste ano.
 
Do total movimentado no período, 44 mil unidades estavam vazias e outros 172 mil contêineres carregavam mercadorias que entraram ou saíram do País. Apesar de a corrente predominante na movimentação de contêineres ser a de importação, Flores destacou o aumento considerável nas exportações. Para ele, este é outro fato que prova o bom momento do país no mercado internacional.
 
"A economia segue em um ritmo adequado, que é o do crescimento das exportações",declarou. Além da demanda de mercado, a Santos Brasil conta como término da dragagem de aprofundamento do canal de navegação do Porto de Santos para que o aproveitamento do terminal seja ainda melhor.
 
"Teremos navios saindo mais cheios por conta do calado e outros maiores chegando a Santos e levando mais cargas". "Como vamos viver em 24 meses?". O questionamento parte do coordenador do Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo (Comus) da Associação Comercial de São Paulo, José Candido Sena.
 
A preocupação dele é reflexo das reuniões com o grupo formado por exportadores e importadores de cargas de todo o estado. Os 24 meses de que ele fala é o tempo necessário para a entrada em operação dos terminais para contêiner da BTP e da Embraport, pelo menos, segundo a estimativa atual. Até que estas instalações comecem a movimentar cargas, o Porto vai aproximando os números de capacidade e movimentação. Em seu questionamento, Sena se refere ao cenário atual da movimentação de contêineres no Porto de Santos. Para ele, a situação pode ser comparada a um copo d'água prestes a transbordar.
 
"Os dados de movimentação apresentados pela Codesp são louváveis, mas devemos palmas ao desenvolvimento econômico que o Brasil vem atravessando", declarou. A preocupação do coordenador do Comus tem como base a relação entre capacidade e demanda de movimentação de contêineres em Santos.
 
Com o Porto operando no limite, ele chama a atenção para os tempos de estadia de contêineres em pátios e os custos crescentes para a movimentação no complexo santista. Segundo o coordenador, o aumento da produtividade nos terminais portuários pode ser intensificado com o trânsito aduaneiro de contêineres para zonas secundárias (fora da área portuária). Essa medida permite maior agilidade nas operações, mantendo livres as áreas primárias do Porto. "Se essas medidas não forem tomadas com rapidez, os recordes podem se tornar tiros que começam a cair no pé".
 
Para Sena, entre os fatores que agravam a situação de um porto que opera beirando os limites de capacidade, além dos custos logísticos, estão a demora na expedição das Declarações de Trânsito Aduaneiro (DTA) e a insuficiência de capital de giro de importadores para nacionalizar os lotes de importação. "Sem a liberação das mercadorias, os pátios acabam virando depósitos e essa não é a função deles", afirmou.
 

Com relação aos exportadores, Sena destacou a falta de previsibilidade de embarques e os cancelamentos de escalas em níveis preocupantes. "Empresas enviam cargas cinco ou seis dias antes do necessário e causam todo aquele transtorno nos terminais".

Fonte: A Tribuna - Adaptado pelo Site da Logística.

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