Resistência dos canais de distribuição - Entrevista com o Prof. Vitório Donato.

Resistência dos canais de distribuição - Entrevista com o Prof. Vitório Donato.

Mais uma vez o Professor Vitório Donato nos presenteia com uma entrevista sobre um viés da logística ainda pouco explorado. Trata-se do estudo inerente à resistência dos canais de distribuição. Essa temática guarda forte relação com a questão ambiental que foi abordada no seu livro “Logística Verde: Uma Abordagem Socioambiental”.

Site da Logística: Como o senhor define a expressão “Resistência ao deslocamento dos fluxos logísticos”?

Prof. Vitório Donato: O conceito de resistência ao fluxo logístico tem alguma semelhança com a resistência oferecida ao deslocamento de corpos em meios fluídos. Quem primeiro se preocupou em estudar o movimento dos corpos em meios resistentes e não resistentes foram Isaac Newton e Halley, em 1686. Por analogia, a resistência a um fluxo elétrico foi proposto pelo físico alemão Georg Simon Ohm em 1824. As resistências aos fluxos logísticos no transporte de carga foi proposta pelo professor Vasco de Azevedo Neto, na década de 1960, na tese: “Transportes - princípios de seleção”, visando identificar os elementos que se opunham aos fluxos dos sistemas de transportes, no planejamento e desenho de uma rota intercontinental de transporte na América do Sul. A ideia da resistência a um fluxo qualquer possibilita utilização em uma grande diversidade de propósitos e escopos, sendo aplicado hoje em áreas como hidráulica, transporte, uso eficiente de energia e agricultura, entre outras. Os elementos que se opõem ao desempenho das cadeias logísticas referem-se aos efeitos das infraestruturas, legislações, modos de transportar e impactos ambientais e sociais que atuam nos deslocamentos necessários ao transporte dos produtos.

Site da Logística: Conhecemos estudos prévios ou similares a este no segmento da logística?

Prof. Vitório Donato: No início do século XX, surgiram os primeiros trabalhos sobre os fluxos de bens, e na década de trinta, mais precisamente em 1927, Ralph Borsodi publicou o livro The Distribution Age, onde abordou o tema dos fluxos físicos dos materiais, sob a denominação "distribuição". Mais recentemente, Rogers e Tibben-Lembke trabalharam os conceitos dos fluxos físicos de transporte tanto no sentido direto, como o reverso. Portanto, trata-se de uma temática que evoluiu ao longo dos anos.

Site da Logística: Como o senhor define a expressão “Resistência à distribuição urbana de carga”?

Prof. Vitório Donato: Os sistemas de condução de cargas são acelerados pela força motriz das unidades transportadoras, mas devido às resistências ao fluxo, acaba por atingir uma velocidade média que é inversamente proporcional ás resistências do canal. Estudar as resistências aos fluxos na distribuição urbana de carga é o diferencial deste serviço, a fim de entenderem-se os fatores que afetam o desempenho das atividades logísticas de distribuição urbana.

Site da Logística: Quais seriam os fatores externos e internos às organizações que influenciam as resistências aos fluxos logísticos?

Prof. Vitório Donato: Conforme citado por Azevedo Neto, as resistências aos fluxos logísticos nos canais de transporte é o conjunto de restrições ou inibições tanto físicas, econômicas e legais que afetam o desempenho logístico e que ocorrem durante a circulação nas vias de transporte. As principais categorias teóricas relacionadas com as resistências aos fluxos logísticos são:

a)      A localização da empresa em relação aos principais clientes;

b)      O custo logístico;

c)       As resistências logísticas devidas aos fatores decorrentes da natureza própria do canal;

d)      Impactos ambientais gerados pelo serviço.

Site da Logística: Que tipos de benefícios diretos ou indiretos às organizações podem ter por conta do estudo das resistências dos canais logísticos?

Prof. Vitório Donato: A identificação das resistências aos fluxos logísticos contribui com as organizações empresarias, ao oferecer um modelo alternativo de análise das restrições aos fluxos, que é relevante para o planejamento das atividades logísticas, com o uso mais racional dos recursos da cadeia de suprimento. Isso pressupõe auxílio ao processo decisório e, consequentemente, à redução dos custos de toda a cadeia de suprimentos.

 

O Professor Vitório Donato é Engenheiro de Materiais, Especialista em Logística e Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial. Trabalhou em empresas de grande porte como Ceman, Copene; Braskem e Jaakko Poyri. Consultor tecnológico e docente universitário da Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC. Autor de livros técnicos na área de logística.

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