Operações no Pecém param e geram perdas de R$ 250 mil.

06-05-2011 19:56

Os cerca de dois mil trabalhadores encarregados do funcionamento do Porto do Pecém iniciaram uma paralisação na manhã de ontem. Desde as 8h, nenhum caminhão entrou ou saiu das instalações do porto, afetando diretamente a operação local e gerando, segundo estimativa da CearáPortos - empresa que administra o empreendimento -, um prejuízo de R$ 200 mil a R$ 250 mil por cada 12h de atividades paradas.

O prejuízo também se estendeu sobre os navios em trânsito nos píers do porto. Segundo o secretário executivo da presidência da CearáPortos, Luciano Arruda, um déficit de US$ 50 mil foi creditado para cada embarcação parada por dia. Ao todo, três embarcações estão em trânsito no Pecém e apenas uma delas está atracada.

"E como vai atrasar esta (descarga de navio), vai atrasar as demais também, é inevitável", ressaltou Arruda, informando que a embarcação atracada é o Beluga Felicity, que transportava o descarregador de carvão comprado pela Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra) para a segunda ampliação do Porto do Pecém.

Consultada, a assessoria de imprensa da secretaria informou que o prazo de 90 dias previsto para a retirada, montagem e teste do equipamento não será afetado pela paralisação de cerca de 12 horas.

Geradores - Além do descarregador, Arruda também informou de geradores para a termoelétrica da empresa brasileira MPX, de Eike Batista, que também aguardam o fim da paralisação para serem descarregados.

"Isso, sem contar um navio desgaseificador da Petrobras que opera 24h direto lá do pier e nós não sabemos se esta paralisação já afetou suas atividades", comentou o secretário executivo da empresa.

Impedidos de passar da portaria do Porto do Pecém pelos manifestantes, os caminhões foram barrados também pela Polícia Rodoviária Estadual - acionada pela CearáPortos.

200 caminhões - Desde as 9h, segundo caminhoneiros que tinham como destino o porto, os veículos foram barrados na altura da CE 085, que passa sobre a via de acesso ao porto, em São Gonçalo do Amarante. Oficialmente, o número de veículos de carga pesada que transitam no lugar é de 50 a 60, em sua maioria vindos de fora do Estado, segundo Arruda.

No entanto, o Sindicato dos Caminhoneiros - um dos integrantes da frente de paralisação -, garantiu que os cerca de 200 carros do Ceará foram barrados, na manhã de ontem.

Além da PRE, o Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar também foi acionado pela CearáPortos. Um esquadrão foi enviado e permaneceu dentro do Porto do Pecém até o fim da paralisação.

Reivindicações - Na pauta de discussões levantada pelos sete sindicatos e as duas centrais sindicais representantes dos trabalhadores do empreendimento figuravam, principalmente, o acréscimo de 30% sobre o adicional de risco de vida e a convocação de concurso público para novos postos de trabalho.

Segundo Hernesto Luz, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público do Estado, o Mova-se, e funcionário da CearáPortos, a jornada de trabalho excessiva e a falta de segurança de trabalho também engrossam a lista de reivindicações. Ele ainda ressaltou que o estopim para a manifestação foi a recusa do pedido de audiência com o governador Cid Gomes.

De volta ao trabalho - Segundo ele, hoje os trabalhadores retomam as atividades normais, mas segundo alerta, "poderemos repetir a iniciativa a qualquer momento, só não amanhã (hoje)".

"O que acontece é que é a segunda ou terceira vez que eles fazem paralisação e não conseguem objetivamente nada, pois não negociam com a instância apropriada, que é a empresa", argumentou o secretário executivo da presidência da CearáPortos, ainda lembrando que, antes do contato com o governador, a "Seinfra seria a responsável por intermediar as negociações sobre as pautas dos sindicatos".

Arruda informou que a reivindicação de novos concursos foi levada à justiça e, sobre a falta de segurança e a jornada de trabalho, ele ressalta que "todo a atividade desenvolvida pelos trabalhadores da CearáPortos respeita as regras exigidas por lei para os funcionários".

Consultada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Seinfra informou que as informações estão sendo apuradas e, caso necessário, o secretário irá intermediar o contato dos representantes dos sindicatos e o governador Cid Gomes.

Fonte: Diário do Nordeste / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.

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