Brasil precisa recuperar atraso em investimentos aeroportuários, afirmam especialistas.

28-07-2011 16:57

 

Depois de décadas de instabilidade no cenário econômico brasileiro, o momento atual é mais do que oportuno para discussão sobre a infraestrutura dos aeroportos do País. E isso se deve aos grandes eventos que acontecerão nos próximos anos (Copa do Mundo-14 e Olimpíada-16), entre outros fatores positivos, como o mercado interno aquecido pelo aumento de renda e consumo da classe média.

Para discutir estas questões, a Fiesp recebeu nesta terça-feira (19) dois especialistas da Deloitte Consultoria Empresarial. Reinaldo Grasson, sócio da área de Corporate Finance, e Tomas Aranda, diretor de Aviação e Aeroportos para a Espanha, expuseram seus pontos de vista sobre o panorama do setor aeroportuário do Brasil.

Segundo Grasson, enquanto a Coreia do Sul investe de 6% a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, a exemplo de China e outros países emergentes, o Brasil possui um histórico de subinvestimento de apenas 2%. "Agora, em função destes eventos esportivos e das demandas agregadas, é hora de tentar recuperar esse atraso", salientou.

Os aeroportos de Guarulhos (Cumbica), Campinas (Viracopos), Brasília (JK), Rio de Janeiro (Galeão) e Belo Horizonte (Confins) saíram de uma média de 15 milhões de passageiros em 2006 para mais de 25 milhões em 2010, totalizando 10 milhões de usuários a mais em quatro anos no mesmo espaço físico.

Grasson destacou que as ampliações previstas em terminais de passageiros e outras melhorias alcançam a cifra de R$ 5 bilhões. Ele prevê que estes investimentos em infraestrutura mudarão a lógica urbana, o fluxo de pessoas e criarão áreas de negócios.

"No Rio de Janeiro, por exemplo, aumentará o contingente na região dos hotéis e dos locais dos jogos olímpicos. Surgirá uma série de polos importantes de negócios, que hoje são desconhecidos ou não aproveitados", sinalizou.

Maior demanda - Na visão do diretor de Aviação e Aeroportos, Tomas Aranda, a estimativa é de que o tráfego aéreo brasileiro supere 220 milhões de passageiros em 2020, com crescimento baseado principalmente nos voos domésticos. "Mas o nível de utilização desta modalidade no Brasil ainda está abaixo do de outros países", analisou, reforçando a necessidade de mais investimentos.

"Quase todos os aeroportos do Brasil possuem algum tipo de restrição de capacidade de infraestrutura, e os contratos de concessão deverão estabelecer mecanismos para a mitigação dos riscos mais significativos", pontuou Aranda.

Para Ozires Silva, ex-presidente da Embraer, ex-ministro da Infraestrutura e membro do Conselho Superior de Infraestrutura (Coinfra) da Fiesp, o Brasil tem uma aviação muito menor do que precisa. Ele classificou o problema como "atrito governamental" existente na extensa e complexa legislação em vigor.

"A dinâmica do transporte aéreo atual não permite que uma legislação como a nossa proporcione uma boa administração", alegou Ozires, que defende a privatização dos aeroportos para uso público como solução para o déficit no setor.

O ex-ministro não aceita o fato de que apenas 59 dos 5.500 municípios brasileiros sejam atendidos por serviços aéreos. "Precisamos cobrar do ministro da Defesa [Nelson Jobim] o cumprimento da promessa que fez em setembro do ano passado, de regulamentar os aeroportos privados de uso público", ressaltou.

Fonte: Agência Indusnet Fiesp / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.

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