CNT critica burocracia e falta de investimentos em portos.

14-12-2012 22:52

Os portos brasileiros estão entre os mais lentos e caros do mundo por causa da má infraestrutura, dos impostos elevados, do excesso de burocracia e das deficiências no acesso rodoferroviário, disse a Confederação Nacional do Transporte (CNT) em relatório divulgado na quarta-feira.

A carência de investimentos resultou em portos ineficientes, onde descarregar ou carregar um único contêiner custa em média 200 dólares, contra 110 dólares em portos europeus como Roterdã, Hamburgo e Antuérpia, ou 75 dólares em portos asiáticos, segundo o relatório.

Problemas de drenagem, canais estreitos e docas pequenas dificultam a entrada de grandes cargueiros com capacidade para até 18 mil contêineres, o dobro da capacidade do maior navio que pode entrar em um porto brasileiro, segundo o relatório, baseado em pesquisas junto a agentes de navegação.

O relatório foi publicado dias depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar um plano de 54,2 bilhões de reais para modernizar os congestionados portos brasileiros, cujos custos elevados e notórios atrasos estão solapando a margem de competitividade do país como grande exportador de matérias-primas.

O plano é parte da iniciativa do governo para modernizar a infraestrutura, reduzir custos e melhorar a produtividade, como forma de restaurar o crescimento sólido de uma economia que anos atrás teve forte expansão.

"Após 20 anos de negligência, esse investimento é bem-vindo e mostra que o governo está preocupado com a situação dos portos", disse o vice-presidente da CNT, Meton Soares.

Mas ele duvidou que o governo cumpra sua meta de investir o montante nos próximos três anos, o que é dez vezes o total de investimentos em portos públicos na última década.

O investimento chega tarde demais para atenuar o iminente congestionamento do começo do ano que vem, quando uma safra recorde de soja, levando o Brasil a ultrapassar os Estados Unidos como maior produtor mundial, começa a chegar aos sobrecarregados portos, agravando a demora.

O governo planeja destinar mais soja para portos do Norte e Nordeste do país, como forma de reduzir a pressão sobre Paranaguá (PR), maior porto graneleiro da América Latina. As instalações de alguns portos do Norte e Nordeste, como Itaqui (MA), já foram ampliadas.

"Vamos ver se isso ajuda a cobrir a safra ampliada, que será gigante. Estamos preocupados", disse o diretor-executivo da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima, André Zanin.

Representantes do setor de grãos e até autoridades agrícolas dizem que já é tarde demais para evitar o caos esperado quando a safra recorde de soja se afunilar em portos que ainda tentam despachar a boa safra de milho de 2012.

Fonte: Reuters / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.

 

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