Congresso da ABTC propõe melhorias para o setor transportador.

08-08-2011 23:21

 

Com a participação de cerca de 500 pessoas durante três dias de evento, chegou ao fim nesta sexta-feira (5) o XII Congresso Nacional Intermodal dos Transportadores de Cargas, promovido pela Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC), na capital de Minas Gerais.

Durante o encerramento, foi apresentada a denominada Carta de Belo Horizonte, que congrega o resumo do que foi discutido no evento e também propostas para o setor. Entre elas, está a recomendação para acelerar os projetos de lei que disciplinem a atividade transportadora; exigir a integração direta do governo federal nos debates legislativos; pleitear a diminuição da taxa básica de juros no país e estimular os projetos de financiamento público voltado à educação, saúde e moradia do povo brasileiro.

Ainda segundo o documento, para promover a intermodalidade dos transportes é preciso desenvolver projetos visando a qualificação da mão de obra transportadora; estimular a prática das políticas empresariais com foco na sustentabilidade e trabalhar pela eficiência do transporte de cargas recomendando ao governo o Plano CNT de Transporte e Logística como base indicativa para realização de trabalhos na área.

Infraestrutura - Uma das palestras do dia foi proferida pelo professor Paulo Resende, doutor em planejamento de transportes e logística, que tratou sobre a logística como elemento de crescimento, competitividade e produtividade no século XXI.

Segundo o professor, que também é articulista da Agência Estado na área de infraestrutura e logística, três pilares estruturantes de competitividade nacional devem ser trabalhados para que o Brasil conquiste de vez seu espaço no mercado global: a capacidade de produção (oferta), a capacidade de consumo (demanda) e a capacidade de distribuição (logística).

"Nosso país está muito bem no mercado internacional. O nosso problema de competitividade em logística está dentro de casa. O Brasil precisa conhecer a multimodalidade, para que todos os setores ganhem. Um navio hoje cobra US$ 40 mil por dia para esperar a carga chegar, ou seja, não adianta investir em profundidade nos portos para receber navios cada vez maiores se as rodovias e ferrovias não funcionam", reforçou.

Para Resende, o equilíbrio entre oferta e demanda no Brasil está favorecido. No entanto, na área de logística, há um desequilíbrio. "Isso porque a capacidade logística é insuficiente para acomodar um crescimento sustentado do PIB entre 4,5 e 6% nos próximos cinco anos. A capacidade portuária já se apresenta insuficiente, aeroportos e mobilidade urbana estão em rápido processo de deterioração nos níveis de serviços e a baixa densidade ferroviária com pouca capacidade de armazenagem também dificultam o transporte", explicou.

De acordo com o professor, 80% da malha rodoviária brasileira tem mais de dez anos de uso e está inadequada. Para ele, "a solução é aumentar o número de estradas concedidas à iniciativa privada. E com isso, o governo poderia criar um mecanismo de compensação do pagamento do pedágio".

País continental - Para reforçar a necessidade de investimentos em infraestrutura, o articulista comparou alguns dados do país com os de outras nações também com dimensões continentais. De acordo com o Banco Mundial, enquanto o Brasil possui 212 mil km de rodovias pavimentadas, os EUA contam com 4,21 milhões de km. Por aqui, 29 mil km de malha ferroviária movimentam cargas por trens. Nos EUA, são 227 mil km e, na Índia, 63 mil km de ferrovias.

O Brasil possui ainda 19 mil km de dutovias, a Rússia, 247 mil km e, o Canadá, 99 mil km. Em relação às hidrovias, o Brasil, com seus 14 mil km, fica muito abaixo da China, que tem 110 mil km. Nos EUA, são 41 mil km.

Fonte: Redação CNT / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.

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