Ferrovia Bioceânica não deve ser prioridade, dizem especialistas.
21-09-2015 08:27O entusiasmo de José Torrico com a ferrovia cortando a América do Sul não é compartilhado pelos especialistas brasileiros.
Além das dificuldades técnicas de realizar a obra terreno difícil, custos elevados, conflitos sociais e ambientais, há dúvidas sobre a necessidade da construção e se ela será boa para o país.
No mesmo plano em que a Bioceânica foi lançada, o governo prevê outras duas ferrovias a conclusão da Norte-Sul e a Ferrogrão (ligando Mato Grosso ao Pará) que concorreriam pela principal carga capaz de viabilizar economicamente essas estradas de ferro: a soja produzida no Centro-Oeste do país.
Rodrigo Vilaça, CNT (Confederação Nacional dos Transportes), compara a situação das ferrovias à dos reservatórios de água e diz que o país chegou ao "volume morto".
Segundo ele, é necessário primeiro fazer as obras das ferrovias já iniciadas ou com projetos, principalmente as do eixo norte-sul, e iniciar os projetos de leste a oeste, o que inclui trechos da Bioceânica até Mato Grosso. O trecho até o Peru seria para outro momento, se mostrar-se viável.
Para Bernardo Figueiredo, ex-presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), é preciso seguir o objetivo de ter uma saída para o Pacífico, mesmo com as complexidades que o projeto apresenta.
"Precisamos parar de achar que o que é grande nós não merecemos ou não precisamos", disse.
Segundo ele, o projeto pode ser viabilizado em passos, primeiro com a construção de trechos que já se mostram viáveis no Brasil, como a etapa entre Mato Grosso e Goiás (que se liga à Ferrovia Norte-Sul), depois com trechos no Peru para ligar áreas de produção de minério aos portos do país vizinho.
"São etapas que vão se viabilizando e, com isso, desenvolvendo as regiões até que elas possam ser ligadas formando uma só ferrovia", diz Figueiredo, que prevê um prazo de dez anos a 20 anos para isso.
Fonte: Folha de São Paulo / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.
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