Impacto do TTP no Brasil será profundo e exige uma reação.

09-10-2015 14:00

Maior acordo comercial da história. Maior  bloco econômico do mundo. Após cinco anos de negociações, foi concluído o  Tratado Transpacífico (TTP), megabloco que reúne as três pontas do  oceano Pacífico: 5 países americanos (EUA, Canadá, México, Peru e  Chile), 5 asiáticos (Japão, Malásia, Vietnã, Cingapura e Brunei) e 2 da  Oceania (Austrália e Nova Zelândia).
É o acordo preferencial mais  amplo e profundo já negociado. Vai reduzir a zero 90% das tarifas dos  bens comercializados entre os seus membros em 2017.
Prevê ainda a  integração das áreas de serviços, proteção a investimentos, compras  governamentais, comércio eletrônico, telecomunicações, propriedade  intelectual, concorrência, sanidade animal e vegetal, facilitação de  comércio e regras trabalhistas e ambientais.
Na área agrícola,  cria mecanismos de consulta entre reguladores dos países para resolver  questões ligadas a saúde, qualidade e segurança dos alimentos —a chamada  "coerência regulatória", que visa aproximar leis e regulamentos dos  países-membros.
Esse aspecto pode ter um impacto muito maior do  que a redução das tarifas de importação. Carnes, açúcar e lácteos serão  os produtos mais impactados no Brasil.
Com seus 30 capítulos, o  TTP é um acordo de 3ª geração que vai criar fortes preferências e  convergências nas múltiplas áreas citadas. A sua conclusão marca, agora  oficialmente, o deslocamento da onda central da globalização do  Atlântico para o Pacífico no século 21. O TTP é a estrutura  institucional que vai moldar as cadeias de suprimento no Pacífico.
Além  disso, a magnitude do novo bloco obrigará Europa e China a se  movimentarem mais rapidamente no grande xadrez global. A UE tem poucos  acordos na Ásia e precisa acelerar. A China é atingida no coração da  região onde estão os seus principais mercados e cadeias de valor.
No  caso do Brasil, os impactos serão profundos. A maior parte do comércio  de manufaturas do Brasil se dá nas Américas e mais de 50% das  exportações do agronegócio dirigem-se hoje à Ásia. Ou seja, seremos  impactados dos dois lados do Pacífico.
Curiosamente, o Brasil foi  pioneiro na construção da Organização Mundial do Comércio (OMC) e dos  primeiros projetos de megablocos comerciais. Quinze anos atrás  negociávamos a Rodada de Doha da OMC, a Área de Livre Comércio das  Américas (Alca) e o acordo Mercosul-União Europeia. As três iniciativas  fracassaram.
Espero que esse forte recado do Pacífico sirva para o  Brasil se mexer. Temos importância, tamanho, experiência e pessoas  capacitadas para negociar. Falta-nos apenas decisão e organização. Os  Ministros da Agricultura, Indústria e Comércio e Relações Exteriores  conhecem profundamente a matéria. Que tomem a iniciativa, junto com o  setor privado, para recuperarmos a década perdida.

Fonte: Folha de São Paulo / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.


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