Logística afeta distribuição de gasolina.

26-04-2011 21:05

A migração do abastecimento de veículos do etanol para a gasolina, observada desde março e decorrente dos preços impraticáveis do álcool, surpreendeu os distribuidores de combustíveis e provocou gargalos logísticos. Houve atraso na entrega e abastecimento de volumes inferiores aos solicitados. 

Nesse período, em todo o País, o consumo de etanol registrou queda de aproximadamente 70%. A gasolina, por sua vez, teve suas vendas elevadas em cerca de 25%. 

Segundo o Sindicom (Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis), em nota, o cenário exige das distribuidoras grande mobilização logística para atender plenamente o mercado. "Em determinados momentos, podem acontecer situações pontuais de atraso no atendimento de pedidos dos postos. O produto existe, mas está concentrado em poucos produtores (etanol anidro) o que pode provocar "congestionamento" de caminhões para carregar o combustível nas usinas." Na gasolina, 25% são compostos pelo álcool anidro.  

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, descartou ontem que possa haver desabastecimento de combustível por parte da empresa que administra. "Pelas distribuidoras de outras bandeiras não posso falar", destacou. "As nossas cotas estão sendo entregues."

 o entanto, ele admitiu que no ano passado e agora, em abril, a Petrobras precisou importar gasolina - foram 1,5 milhão de barris, o equivalente, segundo a companhia, ao consumo de três dias. "Em 2010, o consumo cresceu 19% e a capacidade de produção está quase no limite." A Petrobras responde por 35% do mercado de 37 mil postos e 270 distribuidoras.

Para Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, o apagão dos combustíveis deve continuar ainda por mais uma semana no que depender do aumento da oferta de álcool anidro da nova safra

REGIÃO - O atraso na entrega, segundo o Sindicom, vem ocorrendo com postos independentes - ‘bandeira-branca'' - que optaram por não ter vínculo com uma distribuidora. "É natural que, em período de demanda ampliada, um posto que tem contrato de fornecimento com sua distribuidora tenha prioridade no atendimento."

No Grande ABC, entretanto, houve problemas de abastecimento com postos bandeirados. É o caso de um estabelecimento Ipiranga em Mauá. "Estamos recebendo apenas 5.000 litros de gasolina, bem abaixo do pedido", apontou o gerente Adeilton Silva. "Essa quantidade é suficiente apenas para hoje (ontem). E estão falando que vai começar a faltar o combustível."

Em um posto de São Bernardo, da mesma bandeira, o pedido que era de 15 mil litros chegou com 10 mil litros. "Isso é sinal de que a coisa está feia", disse o gerente Fernando Mendes.

Na região, mais de 90% dos clientes dos postos vêm abastecendo com gasolina; o restante fica por conta de quem roda pouco ou possui carro movido exclusivamente a etanol.

Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que somente no ano passado foram comercializados 3,3 milhões novos automóveis e comerciais leves, sendo 86% com motor bicombustível. 

Com o aumento da demanda, portanto, os estoques baixaram. E, consequentemente, subiu o preço do combustível, que está sendo vendido a média de R$ 2,89. "A tendência é passar dos R$ 3, e eu acredito que isso aconteça ainda nesta semana", apontou o presidente do Regran, Toninho Gonzalez. "O preço já subiu mais de R$ 0,50 em cerca de dois meses."

Por outro lado, o custo do etanol, que na semana passada recuou a R$ 1,99 no Grande ABC, permanece estável. "Esse preço é R$ 0,70 mais caro do que em outubro, quando ele custava R$ 1,39", diz Gonzalez.

Na avaliação do Sindicom, a partir de maio, com a intensificação da colheita de cana, o preço do etanol deve, finalmente, começar a cair. (com AE)

Saiba o que fazer para gastar menos

Em tempos como esses, em que fica inviável encher o tanque do veículo, o ideal é seguir algumas orientações a fim de gastar menor quantidade de combustível possível.

Para se precaver, por exemplo, o motorista pode começar retirando todo o peso morto carregado no interior de seu carro. Quanto mais pesado ele estiver, mais combustível vai precisar para se locomover.

Calibrar os pneus toda semana e realizar inspeções veiculares com frequência são recomendáveis. "Isso não vai fazer com que o automóvel consuma menos, pelo contrário, vai evitar que ele gaste mais", afirmou o consultor Paulo Roberto Garbossa, diretor da ADK Automotive. 

Outra dica é manter a velocidade do veículo o mais constante possível, sem muitas oscilações. "O ato de frear ou acelerar bruscamente faz com que o carro consuma mais."

Quanto ao fato de andar com os vidros fechados ou abertos, Garbossa disse que se tem relação equivalente. "Se estiver na cidade, andando em primeira e segunda, é muito mais vantagem andar com os vidros abertos do que acionar o ar-condicionado."

Porém, se estiver na estrada, os vidros fechados melhoram a aerodinâmica do veículo, e melhoram seu rendimento. Só que, ao ligar o ar, que consome combustível, gasta-se o que estaria, teoricamento, economizando. "O que ganhou em eficiência, gastou em combustível. Por isso, vale mais a pena andar, mesmo na estrada, com os vidros abertos."

CÁLCULO - É válido lembrar que, com a volatilidade dos preços, é preciso, antes de abastecer, fazer cálculo para saber qual combustível vale mais a pena. Se um posto vende etanol a R$ 1,99 e gasolina a R$ 2,79, basta multiplicar esse valor por 70%.

Para compensar, o litro do álcool teria de custar abaixo de R$ 1,95.

Fonte: dgabc.com.br - Adaptado pelo Site da Logística.

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