Logística para exportação de frutas ganha papel comercial estratégico para produtor brasileiro.

16-11-2011 20:23

Exemplo da empresa Kuehne + Nagel, que busca a otimização de custos e chegou a identificar demanda externa para produtor nacional, revela a aproximação dos setores produtivo e logístico para retomada da exportação de frutas do país.

O Brasil tem destaque internacional como um dos maiores produtores de frutas e derivados da América Latina, mas ainda busca ampliar as oportunidades de logística, distribuição e negócios de toda a cadeia deste setor. Nos últimos cinco anos, as exportações de frutas cresceram 25%. Em 2010, as frutas frescas exportadas renderam US$ 609,61 milhões (759,42 mil toneladas) contra US$ 559,49 milhões do ano anterior, de acordo com relatório anual do Instituto Brasileiro de Frutas - Ibraf. No entanto, em 2011 a balança comercial do setor mostrava um, até então, inédito déficit da balança comercial de frutas, que nos primeiros oito meses acumulou saldo negativo de US$ 43,8 milhões. Mas o mês de setembro marcou uma retomada das exportações (US$ 98 milhões), o que alimentou um superávit de US$ 52,9 milhões no mês, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ibraf. Com isso, o saldo no ano ficou positivo em US$ 10 milhões. No lado das exportações, o valor atingiu US$ 355,1 milhões até setembro de 2011, 1,7% acima dos US$ 349 milhões alcançados no mesmo intervalo do ano anterior. Já as importações somaram US$ 345,9 milhões neste ano, incremento de 35,4% sobre os US$ 255,4 milhões alcançados em 2010. “A previsão é que as exportações brasileiras de frutas cresçam 25% nos próximos quatro anos”, diz Murilo Bruno, Supervisor do Transporte Aéreo de Perecíveis da empresa de logística Kuehne + Nagel, multinacional suíça presente no mercado logístico brasileiro desde 1962, que possui um grande investimento e crescimento no mercado de perecíveis, não apenas na logística de frutas frescas, mas também na de ovos férteis, flores e plantas ornamentais, carnes e peixes frescos e congelados, entre outros.

Murilo coordena uma das operações de transporte de frutas para a Europa, caso que ilustra a importância da logística para o setor de fruticultura brasileira, principalmente em momento de desvantagem cambial. No primeiro semestre de 2011, o escritório da Kuehne + Nagel Barcelona identificou a necessidade de um de seus clientes em obter um novo fornecedor de frutas frescas do Brasil. Da cidade Catalã, a equipe espanhola acionou a Kuehne + Nagel Salvador, que identificou um dos grandes produtores nacionais do setor. O trabalho conjunto entre os escritórios conseguiu trazer um novo negócio para o exportador brasileiro e, após uma fase de negociação entre as partes, a Kuehne + Nagel iniciou as operações. Por ser um produto delicado, de rápido processo de amadurecimento e deterioração, a exportação de frutas necessita de cuidados especiais para evitar danos (leia-se perdas e prejuízos) e, neste caso, a logística adequada é fundamental. “Somos muito atentos ao setor de perecíveis e estamos cada vez mais preparados para atender o mercado em termos tecnológicos, comerciais, logísticos, de armazenagem, seguros, documentação, manutenção da cadeia fria e transporte”, explica Murilo.

Estratégias para redução de custos- Os primeiros embarques aéreos para o cliente espanhol, conta Murilo, tinham uma operação aeroporto-aeroporto, saindo de Viracopos para Madri. De lá, uma empresa de manuseio contratada pelo importador realizava a liberação alfandegária e remoção da carga via transporte rodoviário até o destino final. No entanto, a matriz do importador está localizada em Barcelona e a Kuehne + Nagel, buscando melhorar a logística, identificou uma companhia aérea que fizesse vôos diretos para esta localidade. Com a força de negociação da Kuehne + Nagel e pelo grande volume de cargas, as tarifas de frete aéreo foram reduzidas, o custo do importador foi diminuído e o volume de frutas exportado aumentou. Além disso, a carga passou a ser recepcionada, liberada, armazenada e entregue pela própria Kuhene + Nagel, efetivando uma operação ponta a ponta e melhorando todos os processos logísticos. “Barcelona se confirmou como destino mais estruturado, com controle de qualidade no destino, estrutura para aferição de temperatura, armazenagem frigorificada, entre outros critérios. Hoje, outros exportadores brasileiros e de outros países estão utilizando a Kuehne-Nagel de ponta a ponta nesta nova rota para os perecíveis”, afirma.

Serviços logísticos devem estar prontos para diversificação de mercados- Pesquisa realizada pelo Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas) em parceria com a Apex-Brasil - Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos mostrou que países como Estados Unidos, África do Sul, Arábia Saudita, Angola, Rússia e China são mercados em expansão para as frutas do Brasil e seus derivados. A fim de promover as frutas do país e seus subprodutos no exterior, essas duas empresas realizam o programa Brazilian Food, com o objetivo de consolidar a imagem do país como grande produtor e exportador de produtos de qualidade. Nesse ponto, a estrutura logística vem fazendo grande diferença para os exportadores brasileiros na chamada “cadeia fria”.

As frutas exportadas são subdivididas entre frutas frescas, secas, congeladas, polpas, sucos, orgânicos, produtos minimamente processados, entre outros. Em 2010, o melão foi o fruto brasileiro mais exportado, com 177,82 mil toneladas. Já a uva, por sua vez, trouxe mais divisas para o país, com US$ 136,64 milhões e os principais destinos das frutas frescas brasileiras foram Holanda (com mais de um terço do valor e do volume totais), seguida do Reino Unido, Espanha, Argentina, Estados Unidos, Uruguai, Alemanha, Portugal, Itália e França. [www.kuehne-nagel.com].

Fonte: revistafator.com.br - Adaptado pelo Site da Logística.

 

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