Para MercadoLivre, comércio eletrônico vive momento de reflexão no Brasil.

15-03-2012 20:53

Responsável pelas operações do MercadoLivre na América Latina, Stelleo Tolda, admite que a logística é o ponto mais crítico, hoje, no processo de vendas pela Internet, mas diz que a percepção do consumidor ainda é favorável ao modelo. Mas assume: A relação com o cliente virtual precisa mudar e regras mais transparentes precisam ser estabelecidas.

Apesar de evitar comentar problemas de terceiros - foi indagado sobre a questão judicial envolvendo os sites Americanas.com, Shoptime e Submarino, da B2W - o COO do MercadoLivre assume que o aumento das vendas pela Internet também amplificam os problemas. Segundo ele, a Logística é um ponto que precisa ser melhor trabalhada, mas lembra que infraestrutura precária é um ponto negativo do país.

"Nós mesmos estamos negociando um novo contrato com os Correios e desenvolvendo um serviço para tentar simplificar a entrega do produto contratado. Há também a questão das empresas que estão no e-commerce terem o produto anunciado para vender, mas é fato que, hoje, apesar de tudo, o comércio eletrônico é um forte gerador de demanda e atrai até a atenção do governo na parte de arrecadação", afirmou o executivo, que se reuniu com a imprensa, nesta quinta-feira, 15/03, para divulgar resultado de pesquisa realizada pela Nielsen sobre os impactos econômicos do e-commerce na América Latina.

O levantamento concluiu que, hoje, 134 mil pessoas vivem com renda total ou parcial proveniente da venda de produtos por meio do Mercado Livre. E, para 2012, pelo menos 45 mil novos empregos serão criados. Brasil e Colômbia despontam como os países mais confiantes com o crescimento do uso da Internet para compras.

"O comércio eletrônico deverá continuar crescendo 30% nos próximos cinco anos no Brasil. Há muito espaço para atuação e esse é um segmento que vai aprender a lidar com suas dores para tratar com o consumidor. Temos que observar que o consumidor também precisa ser educado. Ele precisa saber que três dias para a entrega são três dias. Se chegar antes, ótimo, mas e o prazo for cumprido é o modelo de logística. E claro, o fornecedor também precisa aprimorar seus processos. Não pode vender produto que não tem. É hora de refletir e tornar as relações mais transparentes", diz.

A mobilidade segue sendo a grande aposta do MercadoLivre para 2012. Nos últimos seis meses, o download dos aplicativos móveis da companhia superaram a marca de dois milhões. O impacto da mobilidade ainda é pequeno - fica em 3% - mas a tendência é de um forte crescimento com o maior uso dos smarpthones e dos tablets.

Na parte de pagamentos - o MercadoLivre tem o MercadoPago, plataforma de pagamento online - o COO da empresa, Stelleo Tolda, foi político ao comentar a intervenção do governo brasileiro na relação entre bancos e operadoras de telecom. "Não será uma regulamentação, uma lei que vai impulsionar os negócios. O governo tem a sua responsabilidade, mas ainda acho que a iniciativa privada deveria conduzir esse processo", sustenta.

Indagado sobre a questão de impostos, em especial, sobre a cobrança diversa de ICMS, o COO do MercadoLivre disse que o aumento dos negócios na plataforma atrai a atenção das fontes arrecadadoras de impostos. "Isso é natural", sustenta. Mas pede que haja um modelo único e favorável ao desenvolvimento do modelo. Ele lembra que nos EUA, houve uma isenção fiscal para fomentar o uso da Web. Aqui, defende que se chegue a uma solução consensual com a cobrança de impostos. "A regra teria que ser a mesma para todo o país. Simplificar é a melhor saída", afirma Tolda.

O Mercado Livre teve receita de US$ 299 milhões em 2011, 37,1% a mais do que o valor registrado em 2010. De acordo com a companhia, o resultado foi impulsionado pelo aumento no volume de produtos comercializados: 52,8 milhões de itens, 34,6% a mais do que no ano anterior. O número de usuários cadastrados subiu 24,4% em um ano, para 65,8 milhões.O Mercado Livre está presente em 13 países da América Latina. Suas principais fontes de receita são as taxas pagas pelos anunciantes e a publicidade.

Originalmente um site de leilões de produtos, o Mercado Livre vem mudando seu perfil nos últimos anos para se tornar uma espécie de portal que reúne diversas lojas. Das 10,5 milhões de ofertas colocadas no site em 2011, 97% tinham preço fixo e 80% eram produtos novos.

Fonte: convergenciadigital.uol.com.br - Adaptado pelo Site da Logística.

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