Perdemos a capacidade de planejar o País, diz ministro.

11-08-2014 11:51

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Mauro Borges, disse que o País perdeu, ao longo das últimas décadas, a capacidade de planejar seu crescimento e seus investimentos, sobretudo na área de infraestrutura.

Em decorrência, hoje a indústria brasileira vive um período de "hiato de produtividade" e sofre com um déficit de estoque de capital fixo. Segundo ele, é "consenso" na agenda brasileira o "hiato" em relação à produtividade no nível de desenvolvimento industrial. 

"Como enfrentar esse grande hiato de produtividade é o que considero o grande desafio, que perpassa comércio exterior, indústria brasileira, o conjunto de infraestrutura", destacou. "O País tem dois grandes déficits estruturais que se acumularam desde a segunda fase da industrialização, nos anos 70: o déficit de capital humano e o déficit de capital fixo", reforçou. 

Segundo o ministro, o baixo estoque de capital fixo brasileiro passa pelo envelhecimento do parque fabril no País, hoje com média de 17 anos de uso. 

Para Borges, os países que competem com o Brasil têm média de idade do parque fabril entre sete e oito anos. Além disso, o ministro destacou o "baixo nível de escolaridade e qualidade da educação, aquém da dimensão da economia brasileira". 

"Esses dois estoques são na verdade elementos centrais para entender a baixa produtividade brasileira, que hoje é apenas 20% da produtividade dos Estados Unidos", afirmou Borges. 

"Este não é um problema do governo, é um problema do Estado brasileiro". 

Borges ressaltou ainda que o déficit de capital fixo é mais visível na área de infraestrutura. 

"Perdemos a capacidade de planejar o País, de fazer projetos de qualidade, projetos macro de infraestrutura", avalia o ministro. Para ele, o governo está dando velocidade na retomada dos grandes investimentos. 

"Mas é um processo de maturação que alcançará plenitude em três anos, não é de um dia para o outro". 

AEB  

Borges participou nesta quinta-feira da abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), promovido pela Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB). 

O cenário para a exportação no Brasil, hoje, é de altos custos, pouca competitividade e muita burocracia. A avaliação é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro, que abriu nesta quinta-feira o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio. "O Brasil não é um País caro, ele está caro", disse. 

Para Castro, o índice de exportação de manufaturados hoje é menor do que o registrado em 1978, quando a fatia de produtos industrializados na balança comercial chegava a 40,2%. Hoje, mais da metade das exportações brasileiras é de commodities. "Felizmente, o mundo está crescendo e gerando a importação de commodities que, por enquanto, ainda está com cotação alta", afirmou. 

Segundo Castro, a exportação de manufaturados é uma preocupação, pois é o segmento que mais sofre com os gargalos de infraestrutura e uma estrutura de tributação descrita como "obsoleta, complexa e anti-industrialização", além de dificuldades de logística e de custo financeiro. 

Ele também criticou o uso da taxa de câmbio para controlar inflação, dificultando a atuação das empresas exportadoras. 

"Câmbio usado como fator de competitividade é sinal de que algo está errado", avaliou. "Desde 2008, tivemos uma queda de 10% na exportação de manufaturados. O número de empresas importadoras subiu 50% e, hoje, são mais que o dobro das exportadoras. 

O Brasil virou o paraíso das importadoras", criticou Castro. "Temos de reduzir os nossos custos para manter nossa competitividade internacional", completou.

Fonte: Jornal do Commercio (RJ) / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.


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