Quer comprar uma Coca-Cola?

21-10-2011 21:49

A operação situada em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, a única no Brasil nas mãos da matriz americana, está em busca de um investidor.

Os nordestinos nunca beberam tantas latinhas e garrafas de refrigerantes como nos últimos seis anos. Nesse período, a sede gerada pelo crescimento do poder de compra da população tem feito com que gigantes do setor, leia-se  Coca-Cola , PepsiCo e Ambev, reforcem suas apostas na região. A briga é tão feroz que inclui a disputa por espaço até mesmo em pontos de venda de menor porte como padarias e mercadinhos da periferia. Os números ajudam a explicar o motivo. Até dezembro deste ano, os consumidores  do  Nordeste deverão desembolsar R$ 4,4 bilhões na compra de bebidas de todos os tipos. Esse valor, se atingido, irá superar em 151% a cifra registrada em 2005, de acordo com a consultoria IPC Marketing, de São Paulo. 

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Luiz Delfim: "Não faz parte da estratégia da Coca-Cola administrar fábricas"

Uma das empresas que vêm fortalecendo suas posições por lá é a Coca-Cola Guararapes, a única engarrafadora e distribuidora brasileira controlada integralmente pela matriz americana. Com atuação em Pernambuco, na Paraíba e na Bahia, no município de Irecê, ela domina 61% do mercado de bebidas não alcoólicas nas áreas que atende. Neste ano, a previsão é faturar R$ 1,2 bilhão, o triplo da receita obtida em 2005. Mais que fazer bonito aos olhos da matriz, sediada em Atlanta, a direção da subsidiária vem trabalhando duro também por outra razão. É que essa unidade está em busca de um novo dono. “Não faz parte da estratégia da Coca-Cola  administrar fábricas”, disse à DINHEIRO Luiz Delfim, presidente da Coca-Cola Guararapes. “O objetivo é vender xarope e licenciar a marca para empresas parceiras.”  

Na avaliação do executivo, a Guararapes está madura para ser ofertada ao mercado. Seu antigo dono, o empresário e ex-senador sergipano, Albano Franco, saiu do negócio em 2001, repassando-o à Coca-Cola. Em nível global, a corporação americana controla apenas outras 15 unidades espalhadas por países como Japão, Alemanha, Uruguai, Egito e Emirados Árabes, entre outros. Delfim confirma que já está conversando com interessados. Cabe à companhia enfeitar a noiva e esperar por quem se disponha a ficar com ela. Enquanto a Coca-Cola não bate o martelo, o executivo se debruça sobre o planejamento de um novo ciclo de investimentos. Afinal, quanto mais a operação crescer, mais atraente ela será aos olhos dos potenciais compradores. Por conta disso, a subsidiária vai receber um pacote de investimentos de R$ 350 milhões entre 2012 e 2014. 
 
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A fórmula da Guararapes: investimentos de R$ 350 milhões em três anos vão quase duplicar a capacidade de produção
 
Boa parte da verba será destinada à ampliação da capacidade instalada  em 30%, chegando a uma produção de 1,1 bilhão de litros de bebidas ao final do ciclo, quando acontece a Copa do Mundo no Brasil. As divisões de desenvolvimento de produtos e de logística também serão contempladas com esse aporte. Até porque, a distribuição é importante para empreendimentos baseados no consumo de massa. “Investir em logística é fundamental para quem atua numa área sensível a preços”, afirma Cláudio Felisoni, coordenador do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Universidade de São Paulo (USP). Uma parcela considerável do sucesso da Coca-Cola no Brasil, especialmente nos Estados da região Nordeste, se deveu a uma estratégia agressiva no lançamento de embalagens. Com a Guararapes não foi diferente. 
 
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No início do ano, a distribuidora colocou no mercado uma garrafa PET de 250 ml de seu principal produto, com preço sugerido de R$ 1. “Apesar de os consumidores terem condições de adquirir a versão de um litro, queremos atender o cliente que está com vontade de tomar a bebida, mas dispõe apenas de algumas moedas no bolso”, diz Delfim.  A diversidade do portfólio, que inclui ainda chás, sucos, água mineral e isotônicos, também ajudou a ampliar o espaço da Coca-Cola Guararapes nas prateleiras e balcões de mercadinhos e botecos, situados nas periferias. O resultado disso foi o incremento da carteira de clientes, em 18%, para 53 mil pontos de venda desde 2006. A distribuidora conseguiu isso graças, em boa medida, a um programa de fidelidade das revendas, que inclui a promoção de cursos de gestão para donos de pequenos comércios. 
 
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Fonte: istoedinheiro.com.br - Adaptado pelo Site da Logística.

 

 

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