Usado desde o Brasil Colônia, transporte pelo mar interliga 18 portos e tende a crescer.
23-09-2014 13:59Salvador e Pecém (CE) - Quando decidiu escrever um livro de memórias, Jorge Amado titulou-o de Navegação de cabotagem, comparando a busca de seu passado às redescobertas da navegação dentro do país, em curtas viagens. Mais do que nunca, isso é uma realidade. Além de permitir conhecer todo o litoral, este tipo de transporte tem resgatado laços historicamente fortes no país. O transporte marítimo está na raiz do desenvolvimento econômico e social nacional, baseado, até hoje, na proximidade de portos, uma vez que, 70% dos brasileiros vivem a menos de cem quilômetros do mar.
A cabotagem foi fundamental no Brasil no século XIX. O caminho pelo mar uniu o país e fica nítido que as cidades que mais se desenvolveram foram as que tinham os melhores portos afirmou Cezar Honorato, professor de história da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Honorato lembra que parte dessa cabotagem era de itens importados que chegavam aos grandes portos Rio, Salvador e Recife, em um primeiro momento, e Belém e Santos depois e distribuídos a outros portos.
Um meio de integrar o país
Mesmo na época das Capitanias Hereditárias, a navegação foi importante. Embora a economia do Brasil Colônia fosse voltada à exportação os investimentos em transporte em terra visavam a extração de produtos do interior do país até a chegada a portos, e não a ligar regiões , algumas rotas ajudaram a integrar o Brasil:
Como diria Celso Furtado, o Brasil era um arquipélago econômico. A cabotagem existiu em produtos específicos, mas logo se percebeu que as províncias produziam basicamente os mesmos itens e começou uma guerra fiscal entre os estados, parecido com o que há hoje, e a cabotagem acabou sem desenvolver todo o seu potencial disse o professor de história Luiz Fernando Saraiva, também da UFF.
Segundo Leandro Barreto, diretor de análise da DatamarConsulting, consultoria especializada em transporte marítimo, a cabotagem representa hoje 32% da movimentação dos portos brasileiros, contra 23% em 2003. O resto do movimento nos terminas se destina a rotas internacionais. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), há no país 56 navios dedicados à cabotagem, sendo 22 voltados ao transporte de contêineres.
A cabotagem pode chegar a 40% do movimento dos portos em dez anos avaliou Barreto.
Hoje, 18 portos têm serviços regulares de cabotagem, mas o mercado acredita que, ao menos, outros sete terminais poderiam ter serviços, entre eles, os de Natal (RN), Maceió (AL), Cabedelo (PB), Ilhéus (BA) e Santarém (PA), mas falta infraestrutura.
Há menos navios operando no Brasil hoje, mas eles são maiores, o que significa que a capacidade atual é o dobro do que havia em 2007 afirmou Barreto.
Em nota, a Antaq, informou que, nos últimos 12 anos, as cargas de cabotagem tiveram uma média de crescimento superior a15%. Os mecanismos facilitadores e as logísticas envolvidas com a cabotagem já se encontram amplamente debatidos, conhecidos, e suas soluções apontadas. Resta a efetiva ação implementadora do que se entende como razoável, diz a agência.
Fonte: O Globo / Usuport - Adaptado pelo Site da Logística.
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