Vem aí revolução no mercado de marítimos.

18-10-2011 21:13

Transpetro ajudará a formar pessoal

Na última década, travou-se uma batalha entre o Sindicato dos Armadores (Syndarma) e o Sindicato dos Oficiais de Marinha (Sindmar). Estudo dos armadores apregoou apagão no mar, por falta de profissionais, enquanto o Sindmar contratou outra análise, esta mostrando o contrário, que o aumento na formação de oficiais pela Marinha poderia até gerar excesso, em vez de escassez de pessoal no mar.

A polêmica ganha agora novo contorno. Dona da maior frota do país - com cerca de 100 navios - e, de longe, a maior empregadora de marítimos, a Transpetro resolve adotar uma atitude direta para solucionar o que considera um problema. A estatal está montando, com ênfase, a Academia Marítima Transpetro, destinada a revolucionar o setor. A cada ano, são formados em torno de 900 marítimos e a nova entidade pretende colocar no mercado centenas de novos profissionais no mesmo período. Fala-se de algo entre 400 e 600 oficiais de marinha. 

A lógica é simples: a lei permite que pessoas com curso superior, após um ano de especialização, se tornem oficiais de máquinas (Azom)  ou oficiais de náutica (Azon). A Academia Marítima Transpetro deve começar a funcionar em janeiro e pretende, a cada ano, ampliar a oferta de profissionais habilitados. Os cursos contarão com suporte técnico da Fundação de Estudos do Mar (Femar). Segundo se informa, a iniciativa tem apoio total da Marinha do Brasil - força armada responsável pela formação de oficiais de marinha mercante.
 
FROTA EM ALTA - Cresce a frota da nacional de cabotagem da Maestra. A emergente empresa conta com dois navios, "Maestra Atlântico" - o antigo Lloyd Atlântico - e "Maestra Mediterrâneo - o antigo Neptunia Mediterrâneo. Permite a lei brasileira que, quem dispõe de frota própria possa contratar igual tonelagem em navios estrangeiros, que passam a contar com os benefícios inerentes aos navios nacionais. Com isso, a Maestra trará dois navios do exterior passará a operar com quatro navios na cabotagem brasileira - rigorosamente dentro da lei.
 
A EXPANSÃO DA LIBRA - Marco Rossa, gerente-geral de Marketing Estratégico da Libra, revela que os planos da empresa são para lá de ousados na área de containeres. No Rio, a expansão terá três fases, com investimento de R$ 546 milhões. A primeira etapa deverá ser concluída no fim de 2014, com extensão do cais e aterro, com nova área para armazenagem, mais do que dobrando a capacidade do terminal. Este ano, a Libra deve movimentar 162 mil containeres no Rio - a capacidade máxima é de 214 mil - e, com as melhorias, a capacidade atingirá 428 mil containeres.
 
Em Santos, o total deste ano chegará a 509 mil unidades, com alta de 6% em relação aos 480 containeres de 2010. Com bom-senso, diz Rossa: "O Brasil está em posição excepcional, pois seu comércio vem crescendo muito acima do nível mundial. No entanto, nenhum país se isola da crise mundial. Se a crise mundial não for resolvida, haverá efeitos no país, sem a menor dúvida".
 
Marco Rossa dá uma informação interessante. Diz que foi feito um acordo com as autoridades do Rio. Com isso, pedra e terra obtidos na escavação da linha 4 do Metrô do Rio serão usados pela Libra no aterro que será feito para sua expansão no porto do Rio. Haverá, assim, um bom uso ecológico, pois material tirado de uma região terá função de desenvolvimento econômico e social em outra área.
  
PROJETOS NACIONAIS - A Projemar, líder em engenharia naval e offshore no Brasil, ficou novamente em evidência no lançamento ao mar do navio graneleiro Log-In Tambaqui, ocorrido dia 11, no estaleiro Eisa, localizado na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. 

O presidente da Projemar, engenheiro naval Tomazo Garzia,  informa que o navio Log In Tambaqui, com capacidade de transportar 80.100 toneladas de minério, tem o projeto totalmente brasileiro. “É maior navio já construído no estaleiro Eisa. É mais um exemplo bem sucedido da engenharia naval brasileira. Antes do final do ano o estaleiro entregará o Log-In  Jatobá, o segundo navio porta contêiner com engenharia naval da Projemar, e o  estaleiro Mauá entregará à Transpetro o navio para transporte de produtos de petróleo Celso Furtado, também totalmente construído com engenharia brasileira da Projemar, atendendo a todas as especificações da Petrobras. A Projemar também foi responsável pelo projeto de engenharia básica do maior navio de transporte de minérios do mundo, com 400 mil toneladas de capacidade de carga, o Vale Brasil,  construído na China e que realizou seu primeiro carregamento de minério brasileiro em maio de 2011. Como se sabe, o Celso Furtado será o primeiro dos 49 navios dos dois programas de renovação de frota da Transpetro a ser entrgue ao armador.

FALTAM PRÁTICOS NO NORTE - No Sudeste, há uma discussão entre armadores e práticos pelo valor do serviço prestado. No Norte, a polêmica é outra. Armadores se queixam da falta de profissionais. Diz um executivo: " No Rio Amazonas, o navio fica parado quase dois dias aguardando prático para prosseguir a navegação, comprometendo sua estadia em Manaus devido aos compromissos assumidos em outros portos de escala que trabalham em outra dinâmica, com janelas de atracação, tendo dia e hora para chegar, atracar operar e sair num serviço de hora certa". Se perder uma data de chegada (janela) a probabilidade de atracação é remota, o que obriga o cancelamento da escala com altos custos para todos.

Sabe-se que diversos práticos da região Norte fizeram novos concursos e foram aprovados para o Sul/Sudeste, atraídos, supõe-se, pela proximidade de suas famílias.

MUITAS ENTIDADES - Não será por falta de entidades que o setor portuário não irá se desenvolver. A lista é extensa. Uma das mais tradicionais é a ABTP- Associação Brasileira de Terminais Portuários. Mas atuam ainda, cada uma em uma determinada faixa: Abtra- Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados; Abratec - Associação Braisleira de Terminais de Containeres de Uso Público; ABTTC- Associação Brasileira de Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Containeres; e ABTC-Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga. Ufa!

PEDIDOS À RECEITA - Recentemente, dirigentes da Fenavega e da Fenamar se reuniram com servidores da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em nome dos agentes, a Fenamar apresentou uma lista de reivindicações que começa pela necessidade de aperfeiçoamento do Siscomex-Carga, sistema em uso desde 2008.
 
Outros itens citados pelos empresários foram: necessidade de diferenciação entre o tratamento dado às cargas de cabotagem e as de longo curso; redução do prazo de permanência de carga de importação em Recinto Alfandegado, visando a agilizar o fluxo das mercadorias; diminuição de prazos do processo Iicitatório, de cargas em perdimento, aquelas apreendidas pela Receita ou abandonadas; elucidação de interpretações não-uniformes, de servidores da Receita, quanto ao Siscomex-Carga; pedido de unificação dos bancos de dados de Siscomex-Exportação e Siscomex-Carga; flexibilixação do Siscomex Carga para desdobramento e/ou troca de containeres com defeito; modificação na forma de lançamento contábil dos containeres vazios.
 
No caso de navios de passageiros, os empresários apontaram que há conflitos interpretativos na Instrução Normativa 137, quanto à definição sobre operação de cabotagem ou longo curso, o que gera diversidade de enquadramento tributário. Também foi mostrado à Receita que, no caso de admissão temporária de navios off-shore, há questionamento quando aos diferentes procedimentos adotados pela Receita. 
 
Os agentes querem, ainda, o direito de reter a carga no terminal por falta do pagamento de frete, da mesma forma que funcionava antes da implementação do Siscomex-Carga em 2008.
 
NA BAHIA - O Governo da Bahia está cuidando da burocracia ambiental, visando à instalação de um novo porto, o chamado Porto Sul.
 
Acredita-se que o empreendimento terá um grande impacto econômico e social em todo o Sul da Bahia.
Se tudo correr bem, o Porto Sul terá terminais públicos para armazenamento e movimentação de cargas como soja, etanol, fertilizantes e outros granéis sólidos, áreas administrativas e operacionais e Zona de Apoio Logístico (ZAL), além de Terminal de Uso Privativo (TUP) da Bahia Mineração, destinado à exportação de minério de ferro. Será construído em Aritaguá, litoral norte de Ilhéus. Os investimentos para a realização da obra são de R$ 2,6 bilhões, com a geração de cerca de 2.500 empregos diretos e indiretos na fase de construção.
 
Fonte: netmarinha.com.br - Adaptado pelo Site da Logística.
 
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