TECON Salvador - Entrevista com o Dir. Executivo Demir Lourenço
Nesta entrevista exclusiva ao Site da Logística, o Diretor Executivo do TECON Salvador S/A, Demir Lourenço Junior, fala sobre os investimentos da empresa em modernização da infraestrutura, além de analisar os problemas de “perda” de cargas para outros portos e as perspectivas de melhoria e ampliação do Porto de Salvador. Confira!
Site da Logística: Quanto foi investido no TECON Salvador desde a sua inauguração em 2000? Os novos equipamentos instalados no ano passado podem ser considerados como o maior investimento já feito?
Demir Lourenço (TECON): Entre 2000 (início do arrendamento) e até o final de 2012 o TECON Salvador terá investido mais de R$ 240 milhões em suas instalações do porto e retro-porto. Deste total, R$ 180 milhões estão sendo investidos na expansão de sua capacidade, sendo que os novos equipamentos tem participação relevante no total investido.
Site da Logística: A Logística Moderna está cada vez mais demandando por equipamentos automatizados, tecnologia e capacitação profissional. Como o TECON Salvador vem se modernizando frente a esse cenário?
Demir Lourenço (TECON): Ao longo de toda a sua existência o TECON Salvador tem procurado investir nos melhores equipamentos; sistemas de controle e automação disponíveis no mercado mundial. Prova disso é que as dimensões de nossos novos equipamentos tornam-nos capazes de receber os maiores navios porta-contêineres existentes no mundo.
Em sistemas, trabalhamos com o SPARCS/NAVIS, sistema state-of-the-art no controle de operações de pátio. Quanto à capacitação, temos investido pesadamente em treinamento. Apenas em 2011, com a utilização de simuladores, foram investidos mais de R$ 1 milhão em treinamento.
Site da Logística: Na média, como o senhor analisa o nível de qualificação dos profissionais que trabalham nos portos baianos?
Demir Lourenço (TECON): Os profissionais que trabalham nos portos baianos são capazes, trabalhadores e dedicados. Com o investimento que é realizado em treinamento, atingem um nível de qualificação dentre os melhores do Brasil.
Site da Logística: Especialistas apontam para possíveis “fugas” de cargas dos portos baianos para outros portos do Brasil, por conta da nossa infraestrutura deficiente. Como o senhor analisa essa questão?
Demir Lourenço (TECON): Realmente procede. As restrições de capacidade do Terminal (berço com apenas 210 metros de comprimento e 12 metros de calado), impedia a vinda de navios de maior porte para o Porto de Salvador. Isso fez com que parte de nossas cargas, como as frutas do Vale do São Francisco e o algodão do oeste baiano, fossem obrigadas a buscar outros portos para serem escoadas.
Com a assinatura do aditivo contratual junto a CODEBA, ampliando a área do Terminal, e o investimento que estamos realizando de modo a dotá-lo de infraestrutura adequada para o atendimento de navios de até 10.000 TEUS de capacidade - aumento do berço para 377 metros; dragagem para 15 metros; aumento da retro-área em 44.000 m2 e aquisição de 03 novos portainers super-post-panamax - os grandes navios passarão a escalar Salvador e as cargas baianas a sair por seu porto natural.
Outro ponto importante é a nossa atuação, em conjunto com a CODEBA, em projetos da atração de novas cargas, como o café e o ferro-silício do norte de Minas, bem como a conteinerização de cargas usualmente transportadas a granel.
Por último, a transferência dos guindastes Panamax para o Cais de Ligação e a criação de janelas de atracação nos dois berços terá, certamente, como consequência, o incremento significativo da movimentação da cabotagem pelo Porto de Salvador, carga que hoje já representa 35% de sua movimentação total.
Site da Logística: Para concluirmos, o crescimento da cidade de Salvador no entorno do porto acabou limitando muito as possibilidades do seu crescimento. Como o senhor vê a operacionalização do Porto de Salvador em um horizonte de 30 anos? É sabido que intervenções em infraestrutura precisam ser feitas prevendo-se utilização de longo prazo. Isso ainda seria viável no Porto de Salvador?
Demir Lourenço (TECON): Os investimentos que estamos realizando mais do que dobrará a capacidade do terminal, de 250.000 para 530.000 TEUS. Existe ainda a possibilidade de ampliação do Terminal, com a construção de 500 metros de cais e 150.000 m2 de retro-área, em direção ao norte, aumentando a capacidade para mais de 1 milhão de TEUS. Tal capacidade só se esgotará, na melhor das hipóteses, no fim da próxima década. Pensando mais á frente, a alternativa é a construção de um novo Terminal no interior da Baia de Todos os Santos, na proximidade do Porto de Aratu.
Demir Lourenço Junior é diretor executivo do TECON Salvador S/A, empresa do Grupo Wilson, Sons, que administra o terminal de contêineres do Porto de Salvador. Trabalha no grupo há mais de 25 anos e possui formação em Ciências Náuticas pela Escola de Oficiais da Marinha Mercante – RJ e pós-graduação em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.