WMS - Entrevista com o especialista Adolfino Neto.

A gestão dos estoques passou a assumir um papel estratégico junto as organizações, pois está intimamente ligada a disponibilidade de capital. Os sistemas de gerenciamento de armazéns ou WMS (Warehouse Management System) estão sendo cada vez mais utilizados e, com intuito de esclarecer todas as dúvidas, o SITE DA LOGÍSTICA entrevista o especialista Adolfino Neto, proprietário e diretor de negócios da Próton Sistemas.

Site da Logística: Para começar, seria interessante esclarecer para todos o que é e para que serve um WMS?

Adolfino Neto: O WMS (Warehouse Management System) é um sistema informatizado de gerenciamento de armazéns, que assume o controle total da movimentação e armazenagem, promovendo maior produtividade, menor custo, menor tempo em todos os processos executados, redução de perdas e de avarias, e eliminação de retrabalho, resultando em um armazém eficaz.

Site da Logística: Ainda existem muitas empresas que não dão o devido valor a gestão estratégica dos seus estoques. Qual a importância ou vantagens de uma boa/eficiente gestão de estoques?

Adolfino Neto: Costumo dizer que mercadorias nas prateleiras não são mercadorias e sim, dinheiro em espécie. Enquanto os empresários enxergarem as mercadorias como mercadorias, certamente terão maiores problemas com estoques, pois cuidam dele com menor importância que o setor financeiro da empresa. É comum um empresário dizer: “só saio da empresa no final do dia, depois que o caixa fecha”. Enquanto isso, lá no armazém o estoque está cheio de furos. Gerir estoques com uma ferramenta eficaz como um WMS, implica em uma sensação de segurança disseminada na empresa. Os estoques só se movimentam se o WMS comandar. Sendo assim, funciona como uma conta bancária, onde somente entra ou sai dinheiro da conta caso o sistema permita.

Site da Logística: Na média, as organizações estão bem preparadas para implantar sistemas para gerir seus estoques, armazéns, almoxarifados, etc?

Adolfino Neto: Infelizmente esta não é a realidade no Brasil. Somente as grandes e uma pequena parte das médias e pequenas empresas é que tem capacidade para implantar sistemas confiáveis. No mercado, há empresas que dizem usar um WMS, porém, na verdade, o software ERP em uso na empresa dispõe de alguns recursos na área de logística de armazém, onde o produtor explora como WMS. O empresário, por não ter assessoria interna e externa na área de logística, acredita estar usando um software que detém o controle da armazenagem. O que observo é que a falta de informação implica no não uso de ferramentas confiáveis como um WMS. Imagine que se alguém explica com propriedade a um empresário o que é um WMS, mostrando com números reais da empresa, qual a redução de custos e os benefícios operacionais que um WMS pode trazer, por menor que seja a cultura logística do empresário, certamente ele ficará fortemente inclinado a efetuar o investimento. Não existe recurso caro. O que há é a falta de capacidade de mensuração do benefício que o recurso pode trazer. Resumindo, falta de cultura implica em não investimento, e como consequência, perda de produtividade.  

Site da Logística: Como se dá a integração de um Sistema WMS com outras ferramentas de gestão? Com um ERP por exemplo.

Adolfino Neto: Há duas maneiras: uma é por geração de arquivo de dados tipo TXT muito conhecido no mercado. A outra e mais indicada é a troca direta de informações entre os bancos de dados dos dois softwares, tornando o processo muito seguro, evitando erro humano.

Site da Logística: Quais os tipos de “saídas” (relatórios, indicadores, informações, etc) um Sistema WMS poderia fornecer para os seus usuários?

Adolfino Neto: Os softwares de WMS podem fornecer diversas visões a respeito das movimentações dos estoques. São utilizados relatórios, gráficos, visões virtuais das estantes de armazenamento, etc. É comum que os WMSs tenham relatórios sobre taxa de ocupação cúbica do armazém, totais de movimentações de entradas e saídas por dia, produtividade da equipe do armazém, inventários, etiquetas, etc. A princípio, não há limites para as visões.

Site da Logística: Atualmente fala-se em RFID (Identificação por Rádio Freqüência) como tecnologia de vanguarda no controle de estoques. Como seria a aderência do Sistema WMS a essa tecnologia?

Adolfino Neto: O WMS está intimamente ligado ao RFID. As mercadorias com etiquetas RFID passam por portais e são captadas pelo WMS, o qual já interpreta automaticamente o tipo de movimento realizado. Apesar das virtudes do RFID, ainda há resistência do mercado devido ao custo alto das etiquetas. Quanto ao WMS, a absorção desta tecnologia já está dominada.

Site da Logística: Para finalizar, gostaríamos de saber a sua opinião sobre o grau de maturidade desse segmento no Brasil e quais as perspectivas para os próximos anos?

Adolfino Neto: Considero que ainda é imaturo, apesar de não haver no pais estatística que nos garanta números seguros a respeito do uso do WMS. O motivo da imaturidade, é ainda a falta de informação e conseqüente incapacidade do empresário em avaliar o resultado que pode ter com o uso do WMS. O mercado para os próximos vinte anos é extremamente promissor para os softwares WMS, e o motivo é bastante simples: em tempos de moeda estável e de crescimento logístico, principalmente provocado pelo PAC, os empresários tem que buscar a redução de custos logísticos para que sua operação seja mais competitiva.

O Adolfino Neto é administrador, analista de sistemas e especialista em Logística Empresarial. Sócio-proprietário e Diretor de Negócios da Próton Sistemas (www.protonsistemas.com.br).